quinta-feira, 7 de outubro de 2010

UM NOVO AMANHECER



Ele imaginou que estivesse morto, abatido pela imensa acha-de-armas do oponente.  Apesar do cenário circundante não lhe ser estranho, calculou que estivesse no céu. O inferno não teria essa fragrância doce de flores, nem lagos cristalinos que se espalhavam pelas planícies verdes, nem o cheiro fértil da vegetação. A lua na fase quarto crescente – refletia-se nos arredores com brilho fantasmagórico. Vermelho. Cor de sangue.
A dor imensa o fez supor que não houvesse morrido. As marteladas na cabeça davam a impressão de que o crânio fora partido ao meio.  O instinto o avisou para não gemer.  Apertou os dentes, apoiou-se em um dos cotovelos e olhou ao redor. Corpos em quantidade jaziam em uma miscelânea brutal de sangue e pálidos membros espalhados.  As sombras da noite aumentavam o aspecto horripilante.  O cheiro não se devia apenas às flores, mas à terra ensangüentada.

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