Ele imaginou que estivesse morto, abatido pela imensa acha-de-armas do oponente. Apesar do cenário circundante não lhe ser estranho, calculou que estivesse no céu. O inferno não teria essa fragrância doce de flores, nem lagos cristalinos que se espalhavam pelas planícies verdes, nem o cheiro fértil da vegetação. A lua na fase quarto crescente – refletia-se nos arredores com brilho fantasmagórico. Vermelho. Cor de sangue.
A dor imensa o fez supor que não houvesse morrido. As marteladas na cabeça davam a impressão de que o crânio fora partido ao meio. O instinto o avisou para não gemer. Apertou os dentes, apoiou-se em um dos cotovelos e olhou ao redor. Corpos em quantidade jaziam em uma miscelânea brutal de sangue e pálidos membros espalhados. As sombras da noite aumentavam o aspecto horripilante. O cheiro não se devia apenas às flores, mas à terra ensangüentada.




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